PALAVRAS SÃO SEMENTES
Em boca fechada não entra moscas
A Bíblia ensina a ficar de boca fechada para evitar a liberação de coisa ruim, porém manda em outra ocasião, abrir a boca que o Senhor a encheria de coisas boas.
Sl 141:3 - Põe, ó SENHOR, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios.
Sl 81:10 - Eu sou o SENHOR teu Deus,(...); abre bem a tua boca, e ta encherei.
Há uma interessante passagem bíblica que, se, porventura, não está se referindo exatamente a questões ligadas a relacionamento, por outro lado, ilustra bem o que quero dizer. - "Não atarás a boca ao boi, quando trilhar" (Deuteronômio 25:4); "Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?" (I Coríntios 9:9) Estas passagem referem-se, literalmente, ao fato de que se um animal está trabalhando duro no ato de trilhar (descascar) o trigo, não se lhe deve sonegar o direito à alimentação.
Pergunta-se: O que isso tem a ver? Eu já digo.
Quando se ata a boca de uma pessoa impede-se-lhe de expressar a exata razão de sua dor.
Um marido insatisfeito, eventualmente, prefere o silêncio, ainda que não houvesse qualquer impedimento para que escolhesse falar, contudo deixa de se expressar por opção ou por timidez.
Seu silêncio, contudo, pode ter sido motivado pela instalação de muitos
e evitáveis episódios em sua relação com a esposa, os quais não teriam acontecido necessariamente se, tão somente, ambos se abrissem ao diálogo e ao entendimento.
Este é o motivo deste registro. Certo jovem marido até que desejava isso, mas o que fazer se em sua imaturidade isso não foi levado em conta e nem foi dado a devida importância em tempo oportuno?
Cada vez que se iniciava o que seria chamado de diálogo calava-se desde que percebesse que uma situação estressante poderia acontecer.
Sua falta de preparo para encarar situações de confrontos o levava a recuar tartamudo cada vez que era confrontado por determinada acusação e que, em razão disso, necessitasse externar sua posição.
A cada passo que recuava crescia a dificuldade para chegarem a um entendimento. Sua timidez o atirava no mais profundo silêncio. Uma vez achado lá naquele fosso, entrava em estado de verdadeira catatonia.
Ele simplesmente não conseguia expressar palavras nos momentos de confronto. Sua incapacidade de falar e de se expressar com autoridade a cada vez que era rotulado de medroso, grosseiro e outros adjetivos mais ou menos graves, o resultado era uma raiva surda e paralisante. Havia um sentimento de medo de perder o controle e magoar sua amada e sofrida esposa, em função do sentimento de raiva insana de que era tomado.
Esse quadro fazia-o perder o controle da situação pelo simples fato de não agir com a severidade e o rigor necessários que cada situação exigia.
PALAVRAS SÃO SEMENTES QUE GERAM REAÇÕES.
Qualquer pessoa tem o direito de se expressar de forma salutar e com liberdade, porém o que dizemos pode ser causa de profusa alegria ou motivo de muita tristeza, além do que, o que dizemos provoca reações das mais inusitadas. É muito importante se expressar com liberdade desde que haja o entendimento de que tudo o que se fala provocará um efeito bom ou um efeito ruim, dependendo do conteúdo do que se fala.
No relacionamento entre o marido infeliz e a esposa sofrida, as coisas estavam se deteriorando porque o rapaz se continha muito mais do que devia enquanto a esposa infeliz dizia o que lhe vinha à boca. Desta forma, quando chegava o momento de colocar um basta na agressividade do comportamento defensivo da sofrida esposa, o tímido e infeliz marido calava-se.
No tempo adequado de falar de forma a conduzir a situação para a normalidade desejada, um denso silêncio se instalava, contrariando o ensinamento bíblico que diz: (...); há tempo de estar calado, e há tempo de falar... (Eclesiastes 3.7b). Este pode ter sido o motivo que levou aquele jovem casal a desenvolver sentimentos tão nocivos ao bem estar entre eles ao ponto de distanciá-los um do outro de forma irreversível.
De posse dessas informações subentende-se que o despreparo de ambos para a formação de um ambiente familiar de boa qualidade foi o principal responsável pela instalação do estado de coisas que se seguiu.
*Eclesiastes 3:7b – (...); há tempo de estar calado, e há tempo de falar;
Jesus disse para a multidão que o ouvia: - O que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem (Mateus 15:11). Ao dizer essas palavras, o Mestre não estava condenando a livre expressão, mas versava sobre a importância do que se diz e o comprometimento que as palavras ditas trazem, tanto sobre aquele que as profere quanto sobre aquele que as ouve.
(Mateus 15:18) - Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem.
(Lucas 6:45) - O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do há em seu coração, daquilo fala sua boca.
O ato de proferir palavras que contaminam não é mais do que a externação do estado de sujeira ou contaminação que já está no interior daquele que se expressa. A contaminação que Jesus estava se referindo é aquela que acontece como efeito negativo trazido sobre o que ouve a palavra proferida, como uma transferência do estado de ânimo da pessoa que a profere.
Nos seus “diálogos” com a sofrida esposa, isso quando conseguia abrir a boca e dizer alguma coisa, o que dizia era recebido como afronta gerando farta reclamação por atribuir às palavras do infeliz marido como sendo acusação injusta lançada sobre ela transferindo-lhe a responsabilidade pelo estado de coisas que atravessavam.
Desta forma a coisa emperrava e marido atribulado se sentia impedido de externar o que se passava em seu interior. Qualquer referência a qualquer coisa com a qual a sofrida esposa discordasse era o suficiente para deflagrar uma torrente de palavras rebatendo tudo o que ouvia dizendo-se tanto quanto ou mais afetada ainda do que o rapaz pelos mesmos motivos que ele expunha, independentemente do rumo que tomasse o assunto.
Repetia sempre o mesmo refrão quando confrontada: “Eu digo o mesmo!" Sabe o que eu penso? O que você está querendo é ir embora de casa e ser o mocinho da história fazendo com que as pessoas me vejam como uma bruxa. Humm!!!. Tá pensando que eu sou idiota?
Isso tudo pode parecer hilário para você que vive um relacionamento equilibrado, mas aqueles turrões estragaram infantilmente, passo a passo, uma coisa que é desfrutada com grande prazer por inúmeros casais. Poderiam ter conduzido o relacionamento de forma diferente se tão somente abrissem mão de alguns "direitos" selvagemente defendidos.
Inconformado
Enviado por Inconformado em 27/06/2013
Alterado em 17/12/2023